Reconhecimento ocorre quatro meses após eleição sob regime chavista que declarou Maduro vencedor, a oposição fala em fraude.
Em um movimento significativo, os Estados Unidos decidiram tratar Edmundo González Urrutia como o presidente eleito da Venezuela, apesar de o regime chavista ter declarado Nicolás Maduro como vencedor das últimas eleições. Essa mudança de postura ocorreu quatro meses após as eleições, marcadas por acusações de fraude.
Em um pronunciamento na rede social X, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, destacou que a escolha do povo venezuelano era clara e exigiu “respeito à vontade” dos eleitores. A decisão do povo é soberana. O governo do presidente americano Joe Biden, cujo mandato se encerra em breve, já havia reconhecido a vitória de González, mas até então não o considerava o representante de fato do povo venezuelano, buscando uma solução diplomática para o impasse. Blinken reforçou que “o povo venezuelano falou de forma contundente em 28 de julho e fez de González o presidente eleito“.
Reconhecimento como Presidente Eleito
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, declarou que González é o ‘presidente eleito da Venezuela’, reconhecendo sua vitória nas eleições de 2023. Essa declaração foi vista como um apoio significativo ao líder oposicionista.
A Venezuela reagiu ao posicionamento do governo americano, chamando-o de ‘ridículo’ e González de ‘Guaidó 2.0’, numa referência ao candidato oposicionista reconhecido como presidente venezuelano pelos EUA em 2018. O ministro venezuelano das Relações Exteriores, Yvan Gil, afirmou que Blinken é mais um secretário de Estado que, junto com suas ‘marionetes’, falhou em tentar derrubar a democracia venezuelana.
Questões sobre a Transparência das Eleições
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, controlado pelo regime Maduro, proclamou a vitória do chefe horas depois do fechamento das urnas. No entanto, autoridades eleitorais não divulgaram as atas eleitorais, que permitiriam auditar o resultado. Isso gerou desconfiança na comunidade internacional e levou ao azedamento das relações do país com o Brasil, que não reconheceu oficialmente a proclamação da vitória de Maduro pelo regime.
A oposição afirma ter ganhado o pleito com base em boletins coletados por conta própria em mais de 80% das urnas eletrônicas e divulgados na internet. O regime de Maduro reagiu apertando o cerco contra a oposição, com ao menos 28 pessoas mortas em protestos e cerca de 2,4 mil presos. González se exilou na Espanha em setembro, após tornar-se alvo de um mandado de prisão.
Reconhecimento Internacional
González agradeceu o reconhecimento da vontade soberana de todos os venezuelanos, afirmando que pretende voltar no dia 10 de janeiro para tomar posse do cargo. Em setembro, o Parlamento Europeu reconheceu González como presidente eleito da Venezuela. A decisão, porém, não equivale a um reconhecimento oficial da União Europeia.
A Casa também homenageou González e Maria Corina Machado com o prêmio Sakharov, distinção entregue a defensores dos direitos humanos e da liberdade de expressão. Machado, que deveria ter disputado a eleição no lugar de González, segue na Venezuela, mas mantém segredo sobre seu paradeiro.
Fonte: @ Band UOL