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Crise agravada após decisão do governo pró-russo de suspender processo de adesão à União Europeia, com uso de canhões de água e gás lacrimogêneo contra manifestantes, intervenção do batalhão de choque.
Na noite de sábado (30/11) e na madrugada de domingo, a Geórgia testemunhou uma cena caótica, com a polícia empregando canhões de água e gás lacrimogêneo contra uma multidão de manifestantes. Esse foi o terceiro dia consecutivo de protestos contra a decisão do governo de suspender o processo de adesão do país à União Europeia. A ação policial resultou no ferimento de pelo menos 44 pessoas, que foram levadas a hospitais da região.
Como nas noites anteriores, a capital Tbilisi foi palco de uma assembleia que reuniu dezenas de milhares de manifestantes em frente ao parlamento. A multidão, composta por cidadãos insatisfeitos com a decisão governamental, expressou seu descontentamento lançando pedras e fogo-de-artifício. A manifestação, que começou pacífica, logo se transformou em uma cena de confronto entre os manifestantes e a força policial. A tensão permanece no ar, com a população buscando ser ouvida em meio à crise política que abala o país.
Manifestantes defrontam a polícia na Geórgia
Uma imagem do fundador do partido governista, O Sonho Georgiano, Bidzina Ivanishvili, um bilionário que fez fortuna na Rússia, foi queimada em frente ao parlamento. Para dispersar a multidão, o batalhão de choque da polícia utilizou balas de borracha, gás lacrimogêneo e canhões de água. Horas depois, o Ministério do Interior da Geórgia informou que 27 manifestantes, 16 policiais e um jornalista foram hospitalizados. O primeiro-ministro, Irakli Kobakhidze, ligado a Ivanishvili, advertiu que ‘qualquer violação da lei será enfrentada com todo o rigor da lei’.
Crise política na Geórgia
O país do Cáucaso enfrenta uma crise política desde outubro, quando o partido governista, Sonho Georgiano, declarou vitória nas eleições legislativas. Tanto a oposição quanto a presidente pró-europeia Salomé Zurabishvili alegam que houve fraude eleitoral e que o Sonho Georgiano é um partido-fantoche da Rússia. A tensão aumentou na última quinta-feira, após o governo, acusado de adotar uma postura autoritária pró-Rússia, decidir adiar as negociações para adesão à UE até 2028, embora tenha afirmado que espera alcançar a adesão até 2030.
Protestos na Geórgia
A Geórgia é candidata a integrar o bloco desde 2023. A decisão levou a oposição pró-europeia a organizar protestos, tanto na capital, Tbilisi, quanto em outras cidades. Na noite de sexta-feira, manifestações já haviam terminado com 107 pessoas presas por ‘desobediência a ordens policiais’ e ‘atos de vandalismo’, segundo o Ministério do Interior. ‘Mais uma noite de violência em Tbilisi: o governo ilegítimo tenta com meios ilegais silenciar os georgianos que defendem a sua Constituição e a integração na Europa’, escreveu neste domingo na rede social X a presidente da Geórgia, Salomé Zubashvili.
Fonte: @ Band UOL