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Próximo encontro: sábado (26). Clube de leitura discute obra literária. Iniciativa nacional enfrenta indústria majoritariamente masculina.
Em 2015, três mulheres, Juliana Gomes, Juliana Leuenroth e Michelle Henriques, reuniram-se em São Paulo com um propósito em mente: aumentar a leitura de livros escritos por mulheres. Foi assim que nasceu o ‘Leia Mulheres’, um projeto nacional que funciona como um clube de leitura, onde o objetivo é incentivar a leitura de obras produzidas por mulheres.
No ‘Leia Mulheres’, a literatura feminina é o foco principal. O clube de leitura busca promover a leitura de obras de mulheres, tanto de autores conhecidos quanto de novas vozes. Além disso, o projeto também visa criar um espaço para discussões e reflexões sobre a leitura e a literatura produzida por mulheres. Com o ‘Leia Mulheres’, as mulheres podem se reunir para discutir livros e obras que as inspiram e as motivam. A leitura é um ato de resistência e empoderamento feminino.
A Leitura como Ferramenta de Empoderamento Feminino
A participação nos clubes de leitura é aberta ao público e gratuita, permitindo que pessoas de todas as idades e origens se reúnam para discutir obras literárias. Com o tempo, o clube se espalhou por todos os estados brasileiros e até mesmo algumas cidades no exterior. O primeiro encontro em Aracaju aconteceu em julho de 2016 e, desde então, o grupo se reúne mensalmente para discutir a obra literária da vez.
As mediadoras do Leia Mulheres Aracaju enfatizam que o projeto visa amplificar vozes de escritoras que, por séculos, foram silenciadas ou marginalizadas em uma indústria majoritariamente masculina. Segundo uma pesquisa da Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), em parceria com o Itaú Cultural, as mulheres lideram 74% das iniciativas de incentivo à leitura no país. Esses dados destacam a importância da presença feminina no incentivo à leitura no Brasil.
Ao longo da história, as mulheres escritoras precisavam usar pseudônimos masculinos para publicar suas obras, pois, quando se identificavam como mulheres, seus livros eram depreciados ou vistos como frívolos. No entanto, hoje em dia, as vozes femininas provaram seu lugar na literatura, explorando gêneros variados e criando enredos complexos e personagens cativantes.
O cenário é de constante progresso, mas ainda há muito a ser avançado. Ler obras de mulheres cada vez mais nos faz refletir sobre os significantes presentes em nossa vida e como vivemos em um mundo de linguagens. É nesse espaço e essa voz que traz a possibilidade de uma mudança de realidade.
O Poder da Leitura e da Troca
A psicóloga e mediadora do grupo Ana Almeida destaca a importância do espaço de troca: ‘Fico muito feliz em estar presente em um espaço de troca tão rico, para além da troca literária. Por vezes, percebemos como a leitura dos livros e o espaço de troca tem sido libertador para muitas de nós.’
Michele Lima, Letróloga e também mediadora do Leia Mulheres Aracaju, acrescenta: ‘Sinto-me honrada e agraciada a cada encontro. Ouvir os participantes e seus olhares a respeito das obras enriquece a minha vida, amplia o meu próprio olhar.’
O próximo encontro do ‘Leia Mulheres Aracaju’ acontecerá neste sábado (26), às 16h na Livraria Escariz. A obra discutida será ‘A loteria e outros contos’, da escritora norte-americana Shirley Jackson, conhecida principalmente por suas obras de horror e mistério. Durante suas duas décadas de carreira, ela escreveu seis romances, dois livros de memórias e vários contos.
Fonte: @ A8SE