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Trajetória foi celebrada na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, com destaque para o movimento dos Direitos Civis e o terreiro Ilê Axé Jitolú
Em 1974, um grupo de amigos de Salvador, na Bahia, decidiu criar um bloco que representasse a cultura afro-brasileira. O primeiro bloco afro do Brasil, o Ilê Aiyê, com sede em Salvador, está completando 50 anos, e suas apresentações sempre contam com a presença de pessoas de todas as idades. Seu nome, Ilê Aiyê, significa “casa da felicidade” em iorubá, uma língua africana.
Com o passar dos anos, o Ilê Aiyê se tornou um símbolo de orgulho afro-brasileiro e levou a criatividade e alegria para as ruas do Bloco da Liberdade e outras apresentações, como o O Mais Belo dos Belos, mostrando que a cultura negra é bela e rica. Hoje, Ilê Aiyê é um dos blocos mais importantes do Carnaval de Salvador.
No início da década de 1970, o mundo testemunhou o surgimento de movimentos que valorizavam a cultura negra, como o Black Power e o movimento dos Direitos Civis americanos.
Origens do Ilê Aiyê
Nesse contexto, em 1º de novembro de 1974, surgiu o Ilê Aiyê, no bairro da Liberdade, em Salvador. O bloco, que carrega as cores preto, amarelo, vermelho e branco, enfrentou forte preconceito em seus primeiros anos, conforme relata Antonio Carlos dos Santos Vovô, o Vovô do Ilê. Os desfiles iniciais contavam com escolta policial, refletindo a tensão da época.
A conexão entre a religião e o Ilê Aiyê é profunda. O terreiro Ilê Axé Jitolú, localizado na Ladeira do Curuzu, em Salvador, desempenhou um papel fundamental na história do bloco. Por quase duas décadas, o terreiro serviu como diretoria, secretaria, salão de costura e recepção de associados. Durante o carnaval, o Curuzu é palco de um ato cultural-religioso: a bênção para a saída do bloco, com uma orquestra de percussionistas e o coral negro em uma celebração. Atualmente, o ritual é realizado pela filha de Mãe Hilda, Hildelice Benta dos Santos, a Doné Hildelice.
O Bloco da Liberdade continua fortemente ligado ao Curuzu. Sua sede atual é a Senzala do Barro Preto, onde são realizadas dezenas de atividades educativas de inclusão e manutenção do legado do Ilê Aiyê. Lá também funciona a Escola Mãe Hilda, com laboratórios de informática, salas de aula, salas de pintura, cozinha industrial e outros espaços.
Neste ano do cinquentenário, o bloco foi homenageado com um documentário, shows dentro e fora do país, exposição e um show na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador. Entre os convidados, parceiros de longa data como a Orquestra Afrosinfônica e os cantores Matilde Charles, Daniela Mercury e Carlinhos Brown. Este espetáculo celebrou a trajetória do Mais Belo dos Belos.
Fonte: @ F5 News