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Medidas como tarifação de importados podem gerar inflação e elevar juros. Especialistas anteveem volatilidade e recomendam focar no longo prazo, considerando renda fixa, taxas de juros e mercado americano, diante de inflação mais elevada.
A escolha de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos impulsionou uma série de investimentos em ações, títulos do Tesouro americano, dólar e criptomoedas, criando um movimento conhecido como ‘Trump trade’.
Esse fenômeno de investimento atraiu muitos a aplicar suas economias em diferentes ativos, na expectativa de obter bons rendimentos. Ao alocar recursos em ações e títulos do Tesouro americano, os investidores buscavam aproveitar a tendência de alta. Além disso, o dólar e as criptomoedas também foram alvo de investimento, em uma movimentação que reforçou a importância de investir em diferentes classes de ativos. Com a eleição de Trump, muitos viram uma oportunidade de investimento em um cenário de incerteza.
A Tendência de Investir nos EUA Pós-Eleição
A eleição de Trump nos EUA gerou grande expectativa entre os investidores mundo afora, que antecipam os efeitos de sua política econômica na economia americana e global. Com isso, muitos estão reorganizando suas carteiras e apostando em ativos dos EUA. A tendência é que a política econômica de Trump, que promete medidas como a maior tarifação de importados, gere uma maior inflação nos EUA, o que levaria a taxas de juros maiores no mundo todo. Esse movimento beneficiaria ativos de renda fixa e ligados ao dólar.
O Investimento em Renda Fixa
Os principais ativos de renda fixa americanos são os treasuries (títulos do Tesouro dos EUA), considerados o investimento mais seguro do mundo. Eles se assemelham aos títulos públicos brasileiros: seu preço e remuneração também variam diariamente, acompanhando os movimentos do mercado financeiro. Neste atual ciclo de queda de juros, os títulos de curto prazo estão mais rentáveis do que os de longo prazo. Os treasuries com vencimento em um mês e em dois meses estão com juros de 4,70% e de 4,69%, respectivamente, em termos anualizados. Já os de 10 anos e de 30 anos estão a 4,30% e a 4,47%.
A Opção de Investir no Mercado Americano
‘Investir no mercado americano é sempre uma boa opção, seja do ponto de vista da rentabilidade, seja como segurança para o patrimônio das pessoas’, diz Pizzani. Segundo o economista, os treasuries de longo prazo devem ser os mais beneficiados no governo Trump, pois a política fiscal tem um efeito mais acentuado nas pontas mais longas da curva de juros. Apesar de os juros estarem altos historicamente para os EUA, esse retorno fica bem abaixo da Selic esperada para os próximos anos, com previsão na casa dos 13%.
A Diversificação Estratégica
‘Pelo nível de juros, ainda vale investir no Brasil. Nos EUA, vale só por diversificação estratégica’, afirma Roberto Padovani, economista-chefe do BV. Segundo o economista, a maior busca por treasuries pode enxugar a liquidez global, o que puniria moedas emergentes, como o real. Um dólar mais caro tende a gerar mais inflação, o que eleva os juros futuros brasileiros. Neste ano, com a incerteza em relação à eleição americana e o risco fiscal brasileiro, a taxa de câmbio acumula alta de 16,7% — o dólar fechou a sexta (8) a R$ 5,735. E a previsão do mercado é que ele siga em patamares elevados.
Fonte: @ Folha UOL