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Uso de leitura da íris para gerar identificação digital e passaporte descentralizado, futuro problema em ambiente digital.
É possível que você já tenha se deparado com a pergunta “Você não é um robô?” ao tentar criar uma conta em um site ou realizar uma compra online. Essa pergunta, que pode parecer estranha, é na verdade uma forma de identificação, usada para distinguir os humanos dos robôs.
O objetivo é evitar que os robôs realizem ações indesejadas, como a criação de contas falsas ou a realização de compras fraudulentas. Para isso, os sistemas de reconhecimento e autenticação são usados para verificar a identificação do usuário. É uma forma de garantir que as ações realizadas online sejam feitas por humanos de verdade, e não por máquinas. A validação da identidade é fundamental para a segurança online.
Identificação Digital: Uma Nova Fronteira na Autenticação de Humanos
Em diversas cidades ao redor do mundo, um dispositivo inovador chamado Orb está sendo utilizado para escanear a íris das pessoas e gerar uma identificação digital única. Essa identificação é conhecida como WorldID e serve como um tipo de passaporte descentralizado para o ambiente digital. A tecnologia por trás disso é desenvolvida pela startup ‘Tools for Humanity’, co-fundada por Sam Altman, CEO da OpenAI, com o objetivo de promover a identificação de humanos em um futuro onde máquinas e agentes de IA se tornarão cada vez mais comuns.
A missão da empresa se baseia na premissa de que, à medida que a inteligência artificial avança, se torna cada vez mais desafiador distinguir o comportamento de seres humanos dos bots em redes sociais e outros ambientes digitais. Essa dificuldade não é apenas um problema presente, mas também um problema futuro que tende a se intensificar com o aprimoramento da IA. Diante desse cenário, a ‘Tools for Humanity’ criou o projeto ‘World’, uma plataforma que visa estabelecer um ecossistema seguro para humanos, imune à ação de máquinas.
A plataforma ‘World’ é composta por quatro serviços principais: o World ID, que serve como prova digital de humanos na internet; o World App, um aplicativo para armazenar o World ID de forma segura e realizar transações de ativos digitais; o World Chain, uma blockchain projetada para uso humano; e o WorldCoin, uma criptomoeda integrada ao ecossistema. Para acessar a plataforma, é necessário gerar o World ID, processo que é realizado através da leitura da íris pelo dispositivo Orb.
Recentemente, aproximadamente 10 postos de coleta foram espalhados por shoppings em São Paulo, permitindo que os interessados tenham sua íris lida pela empresa em troca de até 25 WorldCoins, o que equivale a aproximadamente R$ 300. Embora a missão da World seja interessante, é crucial discutir as implicações dessa tecnologia. Do ponto de vista técnico, o projeto pode estar criando uma rede exclusiva para humanos, mas a pergunta que permanece é: a que custo para a privacidade?
A privacidade é um bem valioso que muitas vezes não é devidamente compreendido em seu valor pleno. Muitas pessoas não questionam mais o que as empresas fazem com seus dados e quais são as consequências para suas vidas. As imagens coletadas pela Orb são usadas para criar um código matemático que representa as características únicas da íris de cada indivíduo. De acordo com a empresa, essas imagens são imediatamente excluídas. No entanto, mesmo que as fotos sejam apagadas, a empresa retém um identificador único associado a cada pessoa, o que pode ser associado a outros dados pessoais e sensíveis.
A World está realizando uma coleta em massa de dados de íris em todo o mundo, justificando essa ação como uma solução para um potencial problema futuro e oferecendo remuneração em sua própria moeda. Essa abordagem levantou preocupações, culminando na abertura de um processo pela Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD) na última quarta-feira. Essa situação destaca a necessidade de um diálogo contínuo sobre a identificação digital, reconhecimento, autenticação, validação e suas implicações para a privacidade e a segurança no ambiente digital.
Fonte: @ Tilt UOL