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O Estado deve promover programas que envolvam atores globais e locais, considerando tecnologia global, tendências globais, realidades locais e políticas públicas concretas.
No contexto da Amazônia, a glocalização assume um papel crucial para moldar o futuro da região, promovendo a convergência necessária entre sustentabilidade e tecnologia. Esse conceito representa uma síntese de “globalização” e “local”, descrevendo a interação dinâmica entre tendências globais e realidades locais.
À medida que a globalização avança, a glocalização se torna uma estratégia essencial para equilibrar as demandas globais com as necessidades locais. Na Amazônia, isso significa reconciliar o desenvolvimento sustentável com a preservação da biodiversidade e dos ecossistemas, ao mesmo tempo em que se aproveita a tecnologia para monitorar e proteger a floresta. A localização geográfica da Amazônia, com sua vasta extensão e rica diversidade, exige uma abordagem que considere tanto as dinâmicas globais quanto as especificidades regionais.
A Glocalização em Ação: Conectando Tendências Globais e Realidades Locais
A Amazônia é um exemplo emblemático das transformações em curso no planeta. Para abordar realidades locais específicas, como a Amazônia Legal, não basta importar soluções tecnológicas bem-sucedidas em outras partes do mundo. É necessário ouvir e compreender aqueles que compõem o tecido social da região.
Nesse cenário, o Estado tem um papel fundamental em promover diálogos que gerem o engagement da sociedade em um esforço coletivo, conduzindo atores globais e locais na mesma direção. O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, o Conselhão, tem se consolidado como esse espaço de integração entre setores essenciais na efetivação de diálogos propositivos e políticas públicas concretas.
Iniciativas desenvolvidas nesse contexto merecem destaque. O projeto Mais Conhecimento na Amazônia, idealizado pelo falecido acadêmico Ennio Candotti, cria mecanismos para reduzir a perda de talentos da região e gera possibilidade para que as redes de conhecimento alicercem políticas públicas. Por meio de atividades de extensão com formato de remuneração semelhante ao do Mais Médicos, espera-se a redução da fuga de cérebros do Brasil.
O projeto já está sendo discutido com importantes representantes do setor privado e com agências públicas como BNDES, Capes e CNPq. O Google, por sua vez, é uma das empresas que têm liderado a transição para um futuro mais sustentável. Ele tem colocado uma série de projetos de sua divisão de pesquisa, o Google Research, em ação no Brasil, usando tecnologia global em prol de contribuir para a solução de desafios locais.
Um exemplo dessa atuação é o projeto Greenlight, que já está em operação no Rio de Janeiro e em Campinas e em expansão para uma terceira cidade ainda neste ano. O projeto utiliza inteligência artificial (IA) para otimizar os semáforos em grandes cidades, reduzindo emissões e melhorando o tráfego. Resultados iniciais mostram que a tecnologia tem o potencial de reduzir paradas nos cruzamentos em até 30% e as emissões em até 10%.
Outra tecnologia de destaque é o Flood Forecasting, que utiliza IA para prever quando uma inundação pode ocorrer, ajudando a informar a tomada de decisão e os esforços de resposta ao evento.
A união de investimentos na área de ciência e tecnologia, mesclando experiências de sucesso do exterior ao conhecimento local, é também uma premissa do programa Projetos Tecnológicos de Alto Impacto, igualmente idealizado no âmbito do Conselhão e formalizado por meio do decreto 12.081/2024, assinado pelo presidente Lula.
Essa ação pretende direcionar esforços para a solução de desafios de alta complexidade. Com base em experiências na Europa e nos EUA, esses polos deverão ter ciclos de investimentos superiores a três anos e foram idealizados para tratar de projetos com montantes acima de R$ 500 mil.
A Glocalização como Ferramenta para o Desenvolvimento Sustentável
A conjuntura tem revelado condições efetivas para uma glocalização eficaz, que conecta tendências globais e realidades locais. A tecnologia global pode ser usada para contribuir para a solução de desafios locais, como a redução de emissões e a melhoria do tráfego.
A união de investimentos na área de ciência e tecnologia, mesclando experiências de sucesso do exterior ao conhecimento local, é fundamental para o desenvolvimento sustentável. A glocalização pode ser uma ferramenta poderosa para abordar desafios de alta complexidade e promover o desenvolvimento sustentável em regiões como a Amazônia.
A globalização e a localização não são mais conceitos mutuamente exclusivos. A glocalização é uma abordagem que busca combinar as vantagens da globalização com as necessidades e realidades locais. É uma ferramenta que pode ser usada para promover o desenvolvimento sustentável e abordar desafios de alta complexidade em regiões como a Amazônia.
Fonte: @ Folha UOL