ouça este conteúdo
Empresa de tecnologia oferece US$ 15 mil por volume selecionado a editora norte-americana, gerando contestação de autores e discussão sobre tecnologia de inteligência, direitos autorais e modelos de linguagem.
No Brasil, o mercado editorial busca expandir suas fronteiras ao firmar parcerias com empresas de tecnologia, com o objetivo de permitir que seus livros sejam utilizados para alimentar as necessidades crescentes da inteligência artificial.
Essa tendência reflete o interesse crescente das editoras em explorar a tecnologia de IA para impulsionar o seu negócio. Com a inteligência artificial generativa em ascensão, as editoras buscam se adaptar às novas demandas do mercado, permitindo que seus livros sejam usados para treinar modelos de IA e alimentar o desenvolvimento de novas aplicações.
A Inteligência Artificial e os Direitos Autorais
A grande editora americana HarperCollins propôs um contrato inovador a alguns de seus autores, permitindo que uma empresa de inteligência artificial utilize seus livros para treinar seu modelo de IA generativa. A empresa de tecnologia, cuja identidade é confidencial, ofereceu US$ 2.500 por cada livro selecionado para treinar seu modelo de linguagem durante um período de três anos. Essa proposta gerou opiniões divergentes no setor, com alguns escritores rejeitando-a categoricamente.
A Tecnologia de IA e os Modelos de Linguagem
Para produzir todos os tipos de conteúdo, a tecnologia de IA precisa ser alimentada continuamente com uma grande quantidade de dados. A editora HarperCollins confirmou a operação, esclarecendo que o acordo ‘limita claramente a produção de modelos que respeitem os direitos autorais’. No entanto, alguns escritores, como o americano Daniel Kibblesmith, rejeitaram a oferta, considerando-a insuficiente.
A Colaboração entre Editoras e Empresas de Tecnologia
A HarperCollins não é a primeira editora a dar esse passo. A editora americana de livros científicos Wiley deu acesso ao conteúdo de livros acadêmicos e profissionais publicados para uso específico na formação desses modelos por US$ 23 milhões. Este tipo de colaboração evidencia os problemas ligados ao desenvolvimento da inteligência artificial generativa, treinada com enormes quantidades de dados recolhidos na internet, o que pode resultar em possíveis violações de direitos autorais.
A Ética e os Direitos Autorais
Para Giada Pistilli, chefe de ética da Hugging Face, plataforma franco-americana de IA de acesso livre, o anúncio é um avanço, porque o conteúdo dos livros passa a ser monetizado. No entanto, ela lamenta a margem de negociação limitada para os autores. Julien Chouraqui, diretor jurídico do sindicato editorial francês SNE, considera que é um progresso, pois houve um diálogo e uma vontade de alcançar um equilíbrio no uso de dados de origem que estão protegidos por direitos autorais e que vão gerar valor.
O Futuro da Inteligência Artificial e os Direitos Autorais
Os editores de imprensa estão se organizando para enfrentar esse problema. No final de 2023, o jornal americano The New York Times publicou um artigo sobre a importância de proteger os direitos autorais em relação à inteligência artificial. A inteligência artificial generativa é uma tecnologia que pode revolucionar a forma como criamos e consumimos conteúdo, mas é fundamental garantir que os direitos autorais sejam respeitados e protegidos.
Fonte: @ Folha UOL