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Grupo fortalecido com a vitória de Trump defende que o Estado deve ser desmontado em nome do lucro, utilizando tecnologia de satélites, inteligência artificial, criptomoedas e tecnologia de nuvem.
A eleição de Donald Trump marca uma série de eventos transformadores, especialmente no contexto da tecnologia. Um dos aspectos mais notáveis é a convergência entre o tecno-determinismo e o libertarianismo, que traz à tona questões sobre o papel da tecnologia na sociedade.
Nesse cenário, a informática e a computação desempenham papéis fundamentais, pois são responsáveis por grande parte das inovações que moldam nosso mundo. A inovação, impulsionada pela tecnologia, é um dos principais motores do desenvolvimento econômico e social, mas também traz desafios, como a necessidade de regulamentação e a preocupação com a privacidade. A tecnologia avança a passos largos, e é imperativo que a sociedade esteja preparada para acompanhar esse ritmo.
Uma Nova Era de Tecnologia e Liberdade
A interseção entre a filosofia de Milton Friedman e a influência de bilionários da tecnologia, como Elon Musk, Peter Thiel, Marc Andreessen e Mark Zuckerberg, define uma nova era de pensamento que busca eliminar restrições aos mercados. Esse grupo, autodenominado ‘tecnolibertário’, acredita que a tecnologia deve ser liberada para desmontar o aparato estatal em nome da eficiência e do lucro.
A ascensão de Trump ao poder e a subsequente valorização de empresas ligadas à tecnologia de satélites, inteligência artificial e criptomoedas refletem essa visão. O Vale do Silício, berço da inovação e da computação, se beneficia dessa onda de apoio, com Musk e sua Tesla sendo exemplos notáveis.
No entanto, a influência excessiva desses magnatas digitais não se limita aos EUA. Na semana passada, Musk anunciou que parlamentares britânicos seriam convocados aos EUA para explicar sua censura e ameaças contra cidadãos americanos. Isso ocorreu após Chi Onwurah, parlamentar trabalhista e presidente do comitê de ciência e tecnologia da Câmara dos Comuns, solicitar que Musk prestasse esclarecimentos sobre a disseminação de desinformação antes dos tumultos no Reino Unido em agosto.
O Papel da Tecnologia na Sociedade
Peter Kyle, secretário de Ciência e Tecnologia do Reino Unido, sugeriu que países como a Grã-Bretanha deveriam lidar com as mais poderosas empresas globais de tecnologia como se fossem estados-nação. Ele afirmou que os governos deveriam demonstrar ‘humildade’ e usar ‘habilidade diplomática’ ao lidar com empresas como Google, Microsoft e Meta.
No entanto, a história nos ensina que ser cauteloso e humilde não é a maneira de lidar com as big techs, que jogam pelas próprias regras, visando apenas seu ganho. Enquanto Trump constrói sua nova administração, os ganhos já são impressionantes. A Palantir domina o complexo industrial-militar, o bitcoin atinge novos patamares, o X favorece republicanos sobre democratas e a riqueza da classe tecno-libertária dispara.
O Sonho de um Mundo Movido pela Tecnologia
O sonho de um mundo movido pela tecnologia, livre de todas as restrições governamentais, existe pelo menos desde o surgimento da internet. A desregulamentação da era Reagan ajudou, assim como a atitude de laissez-faire com o desenvolvimento da internet de consumo nos anos 1990, sob Bill Clinton.
Foi nessa época que ele concedeu a agora infame isenção de responsabilidade da ‘seção 230’ para o crescimento das startups do Vale do Silício. Jonathan Taplin escreveu o livro presciente ‘The End of Reality: How Four Billionaires Are Selling a Fantasy Future of the Metaverse, Mars, and Crypto’, que explora a influência desses bilionários na sociedade.
Fonte: @ Folha UOL