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Infraestrutura fÃsica desses espaços exige enormes quantidades de energia, água, minério e território.
Na discussão sobre o avanço da inteligência artificial no Brasil, se destaca a importância da infraestrutura para seu pleno funcionamento. Isso inclui a presença de data centers, essenciais para a operação de sistemas algorítmicos. Esses centros de dados são fundamentais para a tecnologia de IA e estão entre os incentivos propostos pelo projeto de lei 2.338/23, reconhecido como o PL de IA.
A indústria de IA no Brasil está em constante evolução, com a inteligência artificial desempenhando um papel primordial. A tecnologia de IA tem sido impulsionada pelo desenvolvimento de sistemas algorítmicos avançados. O PL de IA visa apoiar essa evolução, reconhecendo a necessidade de uma infraestrutura robusta para o crescimento da inteligência artificial no país.
Avanços na Tecnologia de IA e Impactos Ambientais
A Inteligência Artificial (IA) tem sido um tema crescente em diversos países, incluindo o Brasil, que busca ampliar sua capacidade de data centers para alcançar soberania digital. O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, apoiado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), prioriza a expansão do setor de IA. No entanto, é fundamental considerar os impactos ambientais e sociais dessas infraestruturas, que exigem enormes quantidades de energia, água, minério e território.
Impactos Ambientais e Sociais
Um único data center pode consumir a energia equivalente a uma cidade de 30 mil habitantes, e a Agência Internacional de Energia estima que o consumo total do mercado dobrará até 2026 em comparação com dados de 2022. Embora 49,1% da matriz energética brasileira seja renovável, seus impactos colaterais são significativos. A construção da usina de Belo Monte destruiu vastos territórios, inclusive indígenas. Parques eólicos no Ceará afetam gravemente comunidades quilombolas e pesqueiras.
Uma Estratégia Sustentável
A redação proposta pelo artigo 59, IV, do PL de IA, que traz incentivos a data centers sustentáveis, é bem-vinda, mas exige cuidado. Critérios para sua instalação e operação são fundamentais: devem promover soberania digital popular, proteger direitos e apoiar a resistência a práticas neocoloniais do uso de dados. Também é crucial que data centers sejam voltados a atender universidades, centros de pesquisa e empresas brasileiras, especialmente startups e PMEs (pequenas e médias empresas) com impacto social.
Políticas para um Futuro Sustentável
Políticas devem garantir consultas a comunidades e prever transparência e responsabilização via relatórios detalhados de impacto ambiental. Devem estabelecer padrões obrigatórios de eficiência no consumo de recursos como água, minério, território e energia. O Brasil já atrai investimentos em infraestrutura sustentável, mas é fundamental que sua estratégia de data centers não siga padrões de colonialismo energético, com projetos que coloquem o país como mero fornecedor de energia limpa sem contribuir para seu desenvolvimento socioeconômico e ambiental.
Um Futuro Soberano e Sustentável
Podemos liderar a expansão sustentável de data centers, mas isso exige políticas que considerem seus impactos. Só assim sonharemos um futuro sustentável e soberano que equilibre avanços sociais e proteção ambiental na indústria digital. A Inteligência Artificial pode ser uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento do país, mas é fundamental que seja utilizada de forma responsável e sustentável.
Fonte: @ Folha UOL