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Titular da Vara da Infância e Juventude do Rio testemunha danos graves causados pelas redes sociais, como crimes online, violência escolar e cyberbullying, enfatizando a importância do letramento digital e do Protocolo Eu Te Vejo.
Aos olhos de um adulto, parece inimaginável que as crianças e adolescentes estejam expostos a tal realidade. Mas é justamente nessa faixa etária, durante a infância e adolescência, que eles estão mais suscetíveis a se tornarem vítimas de crimes virtuais.
É nessa idade que eles começam a se aventurar no mundo virtual, muitas vezes sem a devida supervisão dos pais. E é justamente nesse ambiente que podem acabar se tornando vítimas ou autores de crimes, sem terem a menor ideia do que estão fazendo. A infância é um período de descoberta e exploração, e é justamente nessa época que eles precisam de orientação e proteção. É responsabilidade dos pais e educadores estar atentos e educar esses menores sobre os perigos que rondam a internet.
Infância e Adolescência no Ambiente Digital
A juíza Vanessa Cavalieri, titular da Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro, testemunhou o surgimento de um novo perfil de menores infratores: os de classe média e alta que cometem crimes ligados às redes sociais. Ela acompanhcou a onda de ataques a escolas e conversou com todos os meninos detidos no Rio que haviam planejado ou cometido esses crimes, 100% deles articulados pela internet.
Crimes Online e Violência Escolar
Foi a partir dessas experiências que resolveu militar na defesa da infância e da adolescência no ambiente digital. Em palestras, fala da fofoca que soa inocente, mas destrói crianças e adolescentes e, para acender o alerta máximo em pais e professores, cita também crimes inacreditáveis, como os descobertos na plataforma Discord, em que jovens chantageiam meninas de 12 anos a ponto de levá-las, por exemplo, a fazer sexo com um cachorro ou a abrir o peito do animal e arrancar o seu coração.
Letramento Digital e Monitoramento
Cavalieri defende o letramento digital da sociedade, o banimento dos celulares nas escolas, o monitoramento, pelos pais, do que crianças e jovens fazem na internet, além de um acordo entre as famílias, como propõe o Movimento Desconecta, para que os filhos ganhem o primeiro celular com pelo menos 14 anos e só possam entrar nas redes sociais a partir dos 16.
Protocolo Eu Te Vejo
Os motivos ela detalha em entrevista à Folha. Como a senhora descobriu o que é dixx? Quando a minha filha mais velha tinha 13 anos, ela criou uma conta no Instagram com o combinado de que eu teria o login e a senha para olhar sempre que achasse necessário. Um tempo depois, me pediu para fazer uma conta dixx e me explicou que era para postar coisas entre amigos.
Ela concordou em me passar o login e a senha, mas pediu que eu não a seguisse no dixx. Entendi que era uma questão de pertencimento, porque todos os adolescentes têm. Com o tempo, e conversando com outras pessoas, percebi que os pais devem ficar atentos ao dixx, porque é um espaço que, embora tenha besteiras normais de adolescente, palavrões, pequenas transgressões, pode mostrar problemas maiores, como o consumo de álcool e a exposição disso, com fotos de adolescentes apagados em festas.
Fonte: @ Folha UOL