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Práticas são investigadas em 3 processos antitruste. Empresa preserva e fornece documentos à Justiça, reforçando cultura corporativa nas comunicações internas e uso de ferramentas de mensagens.
No final de 2008, enquanto o Google enfrentava escrutínio antitruste devido a um acordo publicitário com sua rival Yahoo e lidava com processos judiciais relacionados a patentes, marcas registradas e direitos autorais, seus executivos enviaram um memorando confidencial aos funcionários. Neste documento, eles reforçaram a importância da informação, afirmando que “a informação é uma coisa positiva” e que a empresa buscava garantir o acesso a ela de forma ampla e justa.
Ao longo dos anos, o Google, um gigante da internet, tem se esforçado para manter essa visão. A empresa tem investido pesadamente em tecnologias de busca e em projetos que visam ampliar o acesso à informação em todo o mundo. Mesmo diante de desafios e críticas, o Google permanece comprometido com a missão de organizar a informação mundial e torná-la universalmente acessível e útil. A busca pelo conhecimento é um direito fundamental e o Google está determinado a garantir que esse direito seja exercido por todos, independentemente de sua localização geográfica ou condição socioeconômica. O acesso à informação é a chave para o progresso e a inovação.
O Google e a Cultura de Desconfiança
O Google, gigante da internet, tem uma cultura corporativa que minimiza o registro de suas próprias atividades. Isso foi revelado por centenas de documentos, provas e depoimentos de testemunhas em processos antitruste movidos contra a empresa. Os demandantes investigaram e-mails, memorandos e mensagens instantâneas de centenas de engenheiros e executivos do Google para demonstrar seu comportamento monopolista.
A Exclusão de Registros Padrão
A empresa orientou os funcionários a evitar especulações e sarcasmo, bem como a ‘pensar duas vezes’ antes de discutir por escrito temas sensíveis. Além disso, a configuração da ferramenta de mensagens instantâneas da empresa foi ajustada para ‘não oficial’, de modo que mensagens imprudentes fossem apagadas no dia seguinte. Essa estratégia foi adotada para reduzir as chances de que um processo legal pudesse expor comentários potencialmente comprometedores.
O Privilégio Legal como Escudo Universal
Os funcionários eram incentivados a incluir ‘privilégio advogado-cliente’ nos documentos e sempre adicionar um advogado do Google na lista de destinatários, mesmo que o assunto não tivesse relação com questões legais e o advogado nunca respondesse. Além disso, as empresas que antecipam litígios são obrigadas a preservar documentos, mas o Google excluiu as mensagens instantâneas da retenção automática de documentos legais.
A Limitação das Comunicações Internas
A empresa adotou diversas estratégias para limitar as comunicações internas. Os funcionários foram alertados sobre os riscos de comentários imprudentes e foram incentivados a pensar duas vezes antes de discutir temas sensíveis por escrito. Além disso, a tecnologia foi alterada para minimizar o registro de atividades, incluindo a exclusão de mensagens instantâneas e a limitação da retenção de documentos legais.
O Impacto na Justiça
As provas e os testemunhos revelaram que a empresa adotou essas estratégias para evitar que as comunicações internas fossem usadas em processos judiciais. No entanto, isso levanta questões sobre a transparência e a responsabilidade da empresa. Os reguladores e os demandantes argumentam que essas estratégias são usadas para ocultar informações importantes e evitar a responsabilidade.
Fonte: @ Folha UOL