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Fazer você achar que sua existência é central para os bancos, com recursos digitais e aplicativos.
Sim, novos desafios surgem a cada instante. Um novo tipo de obstáculo disruptivo é o desafio do banco. Aquela instituição que você, cliente mortal, nunca tem acesso, mas que decide tudo que afetará sua vida financeira. O pressuposto de partida da descrição dessa figura icônica do século 21 é que o banco é um dos novos desafios pós-modernidade.
Essa entidade financeira tem o poder de decidir quem tem acesso ao crédito e quem não tem, quem pode realizar transações financeiras e quem não pode. É um verdadeiro guardião dos cofres, que decide quem pode entrar e quem não pode. E é exatamente por isso que as instituições financeiras e os serviços bancários têm um papel tão importante na nossa sociedade. Eles são os responsáveis por garantir que o dinheiro circule corretamente e que as transações sejam realizadas de forma segura. Mas, ao mesmo tempo, também têm o poder de criar obstáculos e desafios para aqueles que precisam de seus serviços.
O mundo obscurecido dos bancos
Em um ambiente onde os demônios do ‘banking’ reinam, uma regra fundamental se aplica: eles funcionam com as costas voltadas para os clientes comuns. No entanto, é importante notar que existem clientes que possuem grandes quantias de dinheiro, os quais são considerados relevantes. Todos os demais são considerados irrelevantes, a menos que sejam agrupados, tornando-se então uma força a ser considerada. Cada um, porém, permanece sem importância em sua existência individual.
A dinâmica que opera com as costas voltadas para o indivíduo irrelevante é a seguinte: o que importa para o ‘banking’ é garantir a segurança do banco, não a do cliente, ao mesmo tempo em que reduz custos, diminuindo o gasto com pessoal, à medida que aumenta a dependência da operação dos recursos digitais. Esses recursos, apesar de serem retratados como inovadores e humanizados, são na verdade desumanizadores.
Ao redor desse processo, uma névoa de enganação é criada via comunicação institucional da marca e dos aplicativos digitais coloridos para o universo infinito de adultos regredidos que caracteriza o século 21. O objetivo dessa estratégia de marketing e branding é fazer com que o cliente irrelevante acredite que sua existência e seu dinheiro estão no centro da atenção dos bancos. Na verdade, o cliente só estará no centro enquanto variável que deve ser neutralizada a tempo, antes que crie algum problema.
Indiferença e técnicas de ‘banking’
Essa máxima guia a indiferença que move as técnicas de ‘banking’ no século 21. A tendência dos bancos é concentrar cada vez mais os processos de ‘banking’ em recursos digitais a fim de otimizar o controle de danos, para eles, os bancos, não para o cliente. No momento, esse recurso gira ao redor dos aplicativos. Poderá mudar no futuro e cada cliente terá uma IA para chamar de sua.
A inclusão ilusória
Esse passo será um daqueles que fará o cliente de idiota, enquanto o cliente continuar achando que o ‘banking’ é ‘inclusivo’. A inclusão funciona para os bancos porque custa dinheiro de pinga. Mas no Brasil, quem não pode não anda com o ‘celular do banco’ na rua. Deixa em casa por segurança. Portanto, qualquer agilidade digital se perde nas horas seguidas do cotidiano.
E o cliente, mortal e irrelevante, que fique às cegas quanto aos golpes digitais que sofrerá. Assim sendo, a tendência cada vez maior é que os demônios do ‘banking’ construam situações em que golpes digitais na conta ou no cartão sejam problema unicamente do cliente e que eles estejam cobertos.
Fonte: @ Folha UOL