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Presidente Lula defendia credibilidade econômica no primeiro mandato para resolver o endividamento público.
Uma transformação notável pode ser observada no presidente Lula ao longo dos anos. A evolução que ele passou é tão acentuada que é possível perceber uma diferença significativa entre o Lula do primeiro mandato e o Lula do terceiro mandato. Essa mudança é tão profunda que, em certos aspectos, pode-se dizer que estamos diante de dois líderes distintos.
Essa transformação não apenas reflete a sua adaptação às demandas do cargo de presidente, mas também demonstra sua capacidade de se reinventar e se adequar às necessidades do governo e do país. No entanto, é importante lembrar que, apesar das mudanças, o Lula ainda é o mesmo líder que conquistou a confiança do povo. E é exatamente essa capacidade de evoluir que o torna um presidente ainda mais forte e eficaz no seu mandato. Além disso, a sua experiência e sabedoria adquiridas ao longo dos anos não podem ser desprezadas, tornando-o um líder ainda mais preparado para enfrentar os desafios do governo e do país.
Lula: mudanças na visão econômica
É interessante notar como o presidente Lula defende atualmente pontos de vista que criticava no passado, e vice-versa. Vamos analisar uma entrevista concedida por ele em novembro de 2003, apenas 21 anos atrás, ao final do primeiro ano de seu primeiro mandato. Na época, ele havia assumido a presidência de Fernando Henrique Cardoso.
Durante o programa Canal Livre, transmitido pela Band, Lula recebeu os jornalistas Antônio Tes, Ricardo Boa, Marcelo Parada e Fernando Mitre no Palácio da Alvorada. Na ocasião, seu Ministro da Fazenda era Antônio Palocci, e o presidente do Banco Central era Henrique Meirelles. Lula não fez ataques ao sistema financeiro ou ironias sobre o mercado durante a entrevista, algo que tem feito recentemente.
Uma das principais preocupações do Brasil é o alto nível de endividamento público, que era de 50% do PIB há mais de 10 anos e hoje está próximo de 80% do PIB. Isso é um problema significativo, especialmente quando consideramos que a curva das despesas públicas está crescendo mais rapidamente do que a curva da Receita.
Durante o programa Canal Livre, Lula discutiu o endividamento público. Ele afirmou: ‘Existem muitos países com dívidas maiores do que a do Brasil, com um prazo de rolagem maior, que não enfrentam problemas com a dívida. Nosso problema é que o governo perdeu a credibilidade ao longo do tempo.’ Para alcançar juros semelhantes aos da economia europeia e americana, é necessário ter a solidez econômica deles para conquistar credibilidade, disse o presidente.
A busca por credibilidade era uma das principais preocupações do Lula na época. Ele usou um exemplo prático para ilustrar seu ponto de vista: ‘Às vezes, teorizamos e pensamos nos outros. Mas vamos pensar em nós. Por que você não empresta dinheiro ou se nega a ser avalista de alguém que pede: ‘Olha, eu vou alugar uma casa, você não quer ser meu avalista?’ Você diz não porque tem medo de calote.’ Você tem medo de que a pessoa não pague e que o credor vá atrás de você. Portanto, disse o presidente, precisamos ter uma economia brasileira sólida primeiro.
Será que o Lula agora, em vez de preservar aquela visão que impressionou em seu primeiro governo, permite que o endividamento cresça descontroladamente e age como se as coisas se resolvessem milagrosamente?
Fonte: ©️ Band Jornalismo