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Queda de Bashar Al-Assad: especialistas analisam avanço relâmpago e regime ditatorial.
Agora, vamos conversar um pouco mais sobre a Síria, um país que vive uma guerra civil há anos e que recentemente assistiu à queda do governo de Bachar Al-Assad. Essa mudança foi resultado de uma ofensiva de 10 dias liderada por um grupo que se autodenomina rebelde e que há muito tempo busca mudanças no regime do governo sírio.
De acordo com o jornalista Moisés Rabinovici, especialista no assunto, a queda do governo de Bachar Al-Assad é um marco importante na história da Síria. A luta pelo poder é intensa e o futuro do país é incerto. Moisés, que acompanha de perto os últimos acontecimentos, analisa a situação e comenta: “O governo sírio está em uma encruzilhada e precisa tomar decisões rápidas para evitar uma crise ainda maior“.
Avanço Relâmpago e a Queda da Ditadura na Síria
Boa tarde, Patrícia, boa tarde telespectadores. Eu passei a noite acompanhando o avanço relâmpago das forças rebeldes em direção a Damasco, na Síria. O que impressiona é que, à medida que entravam em quartéis, os rebeldes encontravam fardas no chão, os soldados se despiram, vestiram roupas civis e foram para a praça principal de Damasco, onde já havia uma grande concentração de sírios gritando ‘A Síria é Nossa’ e ‘Alá akbar’, que significa ‘Deus é o maior’. Também gritavam ‘O tirano fugiu’.
É impressionante que 50 anos de ditadura de pai e filho, Bachar e Rafz Elad, caiam ao fim de um avanço de 11 dias que não encontrou nenhuma grande oposição. Por trás dos rebeldes estava o que agora pode ser considerado o vitorioso, que é o presidente turco Recep Erdogan, porque ele forneceu as armas, o dinheiro e imagens de satélite para que a rebelião pudesse acontecer.
Mudança no Oriente Médio
É claro que só isso não bastaria, o que contou mais foi o enfraquecimento do regime do governo sírio, que sai de um ano de guerra com Israel, com seu comando decepado, suas forças depas e o Irã, que também teve no confronto com Israel duas vezes diretamente a perda de seu eixo da Resistência. O regime do governo sírio caiu, e também está sem grande atuação, os utis no Iêmen.
Temos aí o Erdogan e o Erdogan por quê? Porque ele durante muitos anos tentou encontrar com Bachar Assad para tratar dos 3 milhões de sírios que se refugiaram na Turquia e são um peso muito grande. Bachar não o recebeu. E aí está essa vingança, o que as pessoas chamam de ne Sultão da Turquia, ele agora tá procurando iniciar negociações com a Rússia e com o Irã, lá em Doha, no Qatar, para redesenhar esse novo Oriente Médio.
O Papel da Rússia e de Israel
Outro fator claro foi a Rússia. A Rússia tá empenhada na guerra com a Ucrânia e não mexeu no seu poderio militar instalado na Síria, ele tem várias bases aéreas, tem base naval, mas só levantou voo uma vez e viu que não havia como barrar o avanço avassalador dos rebeldes.
O Israel também foi pra fronteira com a Síria e reforçou lá suas tropas, colocou tanques na zona tampão e disse ter confrontado rebeldes que atacavam uma força da ONU, das Colinas do Golan, que eram sírias e foram conquistadas por Israel em 1967, na guerra dos seis dias, e anexadas por orientação ou favor do primeiro Mandato do Donald Trump.
O Líbano e a Nova Era no Oriente Médio
E eu acho que outro vencedor nessa guerra, embora não esteja cantando vitória, é o Líbano. O Líbano por o regime do governo sírio era um braço militar fortíssimo e interventor do Irã dentro do Líbano. Esse poderio acabou. O exército libanês tá pando o vácuo deixado pelo regime do governo sírio no sul do Líbano, como parte do acordo de cessar fogo com Israel.
Agora, a outra coisa é que a Síria achava ou considerava o Líbano como a grande Síria. Eu muitas vezes cheguei a Beirute e quem estava no aeroporto vendo os passaportes eram agentes federais sírios. A Síria promoveu o atentado mortais no Líbano contra políticos aos quais era contra e que se colocavam adiante de suas pretensões.
Então, nós estamos diante de uma mudança muito grande no Oriente Médio. Não só o que se diz, existe uma frase muito repetida e que agora torna-se mais verdadeira, que é a seguinte, Patrícia: quando a Síria espirra, o Oriente Médio pega uma gripe forte. Essa é a situação agora.
A Síria é um país importantíssimo, faz fronteira com todos os importantes países do Oriente Médio e o que se diz é o seguinte: sem o Egito não se faz guerra e sem a Síria não se faz paz. Então, estamos aí numa nova era, provavelmente uma cochilada que foi dada pelo Irã e pela Rússia que permitiu esse avanço relâmpago dos rebeldes até Damasco.
O Futuro da Síria
Agora, Patrícia, você falou que o primeiro-ministro Sírio vai transmitir o governo proav, que é o Rebelde que foi da Al-Qaeda, que teve a cabeça prêmio por 10 milhões de dólares e que tenta agora se mostrar moderado. Na verdade, ele governou Idlib, de onde começou a ofensiva, com um governo de ação para 4 milhões de pessoas.
Nesse governo, ele não proibiu as mulheres de não usarem o véu, que é o véu que cobre a cabeça, mas elas usam, a maioria das mulheres de Idlib usam, sem serem obrigadas. Mas ele também não proibiu o fumo e a música. Então, ele tá mostrando que tem políticas moderadas e que não é mais o terrorista da Al-Qaeda. Ele tem 42 anos, nasceu na Arábia Saudita, de pais sírios.
Fonte: ©️ Band Jornalismo