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Eliandro Rocha, autor de literatura infantil, fala sobre estereótipos de gênero em contos de fadas e sua influência na educação e identidades humanas.
No Brasil, cresci ouvindo histórias de princesas a procura de príncipes encantados e sonhando com contos de fadas. Mas, ao mesmo tempo, descobri que os estereótipos presentes nesses contos de fada muitas vezes nos levam a crenças limitantes. Os estereótipos nos contos de fada desempenham um papel significativo na formação de valores e comportamento desde a infância. Pelo menos, na minha geração, as histórias infantis, os desenhos animados e as músicas, nos faziam acreditar que uma princesa dependia do Príncipe e o Príncipe era destemido.
É importante ressaltar que os estereótipos nos contos de fada contribuem para uma visão simplificada e estereotipada das identidades e relações humanas. A associação entre beleza e bondade, a representação de vilãs como mulheres ambiciosas, reforça preconceitos e vieses inconscientes. Em minha opinião, devemos ser conscientes desses estereótipos, discuti-los e questioná-los, para que possamos criar uma sociedade mais justa e inclusiva. Devemos caminhar em direção a uma representação mais diversificada e realista das identidades e relações humanas. É preciso quebrar esses estereótipos e criar uma nova narrativa que promova a igualdade e o respeito entre todos.
Desafiando os Estereótipos de Gênero
O quanto isso nos afetou e como… Eu sou Mari Cruz e eu sou Paulo Egídio, e esse é o Beabá da educação. Hoje, a gente recebe aqui no Beabá o Eleandro Rocha, que é um nome em ascensão na Literatura Infantil brasileira. Ele é reconhecido por seus personagens super cativantes, tem raízes no Rio Grande do Sul e tem conquistado leitores e educadores por todo o Brasil com livros que exploram temas como diversidade, inclusão e a amizade.
Eleandro possui uma trilogia de sucesso que é Escola de Príncipes e Princesas e diversos outros livros. Através das aventuras dos personagens, ele desafia os estereótipos de gênero e encoraja os leitores a refletirem sobre seu papel na sociedade.
Estereótipos e Identidades Humanas
Eleandro, a gente falou aqui na introdução desse conceito de princesa inofensiva e do Príncipe destemido que moldou a nossa infância, né? Moldou a nossa geração, pelo menos aqui, a mim e ao Paulo, eu tenho essa percepção. E que, como a gente é, ou seja, que que isso influenciou no que a gente é hoje, como são esses adultos que foram influenciados por esses estereótipos?
Eu acho que, antes de mais nada, é muito importante que a gente entenda um pouquinho, né, o que é esse estereótipo, né? Que são as características que a nossa sociedade impõe de forma uosa à mulher e ao homem, né? Como por exemplo, azul é cor de menino, rosa é cor de menina, a mulher é mais sensível, o homem é destemido. Então, esses estereótipos que a nossa sociedade acaba caracterizando, né, como um comportamento aceitável para cada gênero, acaba nos limitando a desenvolver a totalidade das nossas aptidões enquanto seres humanos, independentes do gênero que temos.
Preconceitos e Vieses Inconscientes
Eleandro, essa primeira pergunta da Mari é muito interessante, porque isso prova que há, hoje, entre os adultos, uma consciência desse tipo de visão estereotipada e tal. A gente busca se informar, mas assim fica uma pergunta, porque saiu uma matéria há pouco tempo que mostrou que a geração Z, que é essa nova geração, ainda tem barreiras relacionadas a preconceito, intolerância. Por que que essa geração, que tem acesso a mais informação, que consegue ou poderia ler mais, ainda tem esses preconceitos?
Então, eu eu acredito que na, no meu ponto de vista, essa geração Z é uma geração totalmente tecnológica, né, que já nasceram na era da tecnologia, eu que nasci lá em 76, que não tinha nem celular ainda, né. Então, eu acredito que nós, tios, outras oportunidades de construirmos a nossa identidade através das experiências, né, vividas, e a geração Z é uma geração totalmente tecnológica, é uma geração em que a gente defende uma inteligência artificial e pouco se fala sobre a desinteligência natural, né, que ocorre dentro dessa sociedade e dessa parte dessa sociedade que é essa geração.
Eu acredito que a tecnologia nos dá amplitude de leitura, a gente consegue ler sobre mais assuntos, mas não profundamente sobre eles, e é a leitura profunda que nos constrói, né, que faz com que a gente busque as nossas identidades e a nossa representatividade através de personagens que a gente encontra nos livros.
Literatura Infantil e Estereótipos
Um dos seus livros mais famosos, Escola de Príncipes Encantados, apresenta o príncipe Valentino, que ama costurar, e a Princesa Sofia, que quer construir castelos. Uma das falas é: Não quero ficar sentada ao lado de um rei, cuidando de filhos e afazeres. Achei o máximo, lógico, como toda mulher empoderada, super forte, super forte, e em relação a a gente, né, claro, tá falando aqui num contexto de educação, como a gente pode levar isso para as nossas crianças do Ensino Fundamental, lá nas escolas, desse Brasil aí afora.
Fonte: ©️ Band Jornalismo