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Fernando de Moura, oncologista clínico, fala sobre o papel da vacina no tratamento do câncer, com base em dados clínicos.
Em tempos de incertezas, o avanço na área da saúde é um tema de grande relevância. Recentemente, tivemos a oportunidade de discutir sobre o Câncer no fórum Band News Vencer o Câncer, realizado anualmente em parceria com a Band News TV. A importância desse evento reside no fato de que o Câncer é uma doença multifacetada, exigindo constantes inovações na Medicina para seu tratamento e prevenção.
Um dos principais desafios no combate ao Câncer é a detecção precoce da neoplasia. A criação de uma vacina que possa prevenir ou tratar o tumor de forma eficaz é um passo importante nessa jornada. A Rússia anunciou recentemente a invenção de uma vacina contra o Câncer, que poderia ser distribuída gratuitamente a partir do próximo ano. Essa notícia pode ser um divisor de águas na luta contra essa doença. Para entender melhor como essa vacina funciona e quais são as suas implicações, conversamos com Fernando de Moura, oncologista clínico do comitê científico do Instituto Vencer o Câncer e da Beneficência Portuguesa de São Paulo, que nos esclarece sobre os avanços na área da Medicina e como podemos vencer o Câncer. A esperança de uma cura está mais próxima do que nunca.
Entendendo a vacina russa contra o câncer
Doutor, obrigada por conversar conosco. Boa tarde! Boa tarde, Paula. Eu te agradeço o convite para estar aqui informando nossos telespectadores. Doutor, vou começar perguntando o que você sabe sobre essa vacina em Rússia contra o câncer. O que que a gente sabe sobre esse imunizante?
É uma pergunta ótima para iniciarmos esse bate-papo. O que que a gente sabe sobre isso? Então, é importante fazer um alerta: tomar cuidado com essas notícias, especialmente vindo de centros de pesquisa. Eh, isso é um comunicado do governo Russo, então a gente ainda não tem nem o conhecimento de qual vai ser a extensão dessa vacina em termos de acesso, se ela vai ser disponibilizada na rede pública, se ela já vai ser colocada em comercialização lá na Rússia, se vai ser algo ainda em protocolos de pesquisa.
Então, é algo ainda muito inicial, mas sempre que a gente trata de qualquer tratamento novo em Medicina, especialmente em Oncologia, a gente precisa fazer isso muito bem estabelecido e embasado em dados clínicos, especialmente dados advindos de estudos randomizados, estudos muito bem conduzidos, tanto em termos éticos quanto em termos de segurança para aquele indivíduo que tá participando daquela pesquisa.
Então, eu acho que a gente, óbvio, sempre que tem uma notícia como essa de um novo tratamento que vai nos dar esperança de cura, de melhor controle de doenças graves como é o caso do câncer, a gente tem que se animar, mas a gente precisa ter um pé atrás porque a segurança daquele indivíduo, daquele paciente, ela deve estar em primeiro lugar.
Então, a gente precisa primeiro entender que vacina é essa, para de quais estudos ela já foi submetida, se é algo ainda experimental e se vai ser colocado em prática já para amplo acesso, que a gente veja os dados desses estudos para mostrar a eficácia e a segurança dessas vacinas ou como de qualquer outro tratamento e essas são as informações que a gente ainda não tem.
A importância da cautela e da pesquisa
Doutor, eu sei que claro, vocês ainda mais, né, ou vencer o câncer, beneficiência portuguesa aqui em São Paulo, estão sempre em contato com os estudos que acontecem e tem realmente estudos acontecendo e imunizantes contra o câncer, a gente sabe disso, eh, mas sobre esse especificamente que o governo Russo, eh, tá falando, a gente não tem muita informação, é isso exato.
Exatamente, Paulo, é isso mesmo, a gente ainda não tem essas informações né. Eh, a vacina que eles trazem, eh, a gente não tem nenhum dado ou informação apresentada nos principais congressos de Oncologia ou que tenha sido publicada nos principais revistas médicas especializadas e sempre é é o ideal, a gente tem eh, eh, eu acho que aí, depois da da questão da pandemia da covid, mesmo pro público leigo, essa questão de estudos clínicos, estudos de fase 1, 2 e 3, acabou essa informação sendo um pouco propagada em termos da sociedade, mas é sempre de importante a gente lembrar né, os estudos sempre de uma nova droga, eles devem seguir uma metodologia cífica e a gente infelizmente precisa ter uma paciência para que primeiro estudos pequenos, eh, de fase um, mostrem a segurança da droga, depois ele é testado no estudo de fase dois que já vai de certa forma avaliar a eficácia até chegar nos grandes estudos de fase três que em geral são estudos randomizados com grande número de pacientes e a gente não tem nenhum dado publicado dessa vacina.
Então, a gente não tem conhecimentos de quais pacientes ela foi testada, para quais tipos de tumores, em quais cenários, principalmente quais os dados disse segurança e de eficácia. Então, a gente tem que ter muita cautela, claro que a gente torce para que esses dados eles apareçam né, que eles estejam aí o mais breve possível publicados e mostrados pra comunidade científica e torcemos claro para que esses dados sejam positivos e que essa vacina, eh, assim como o governo já está propagando por lá, que seja algo que realmente revolucione o tratamento e que traga benefícios para os nossos pacientes.
A busca por informações e a importância da pesquisa
Agora, eh, Doutor, claro que quando saiu essa notícia, é uma das mais buscadas no Google, a gente tem a parceria que é a nossa sala digital Band de Google e é muita gente procurando por esse termo, eh, vacina câncer, justamente por essa notícia e essa publicação. Como o senhor…
Fonte: ©️ Band Jornalismo