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Cessar-fogo na Faixa de Gaza começou no domingo. Conversamos com Rafael Zimmerman, brasileiro que sobreviveu ao Hamas.
Na esteira de um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas, a situação no Oriente Médio começa a se desenrolar de forma mais tranquila. Neste momento, a atenção se volta para a liberação de reféns, um passo crucial na construção de uma trégua duradoura. O acompanhamento minuto a minuto, realizado pela Band News TV, traz à tona as complexidades desse cenário, reforçando a importância de um cessar-fogo efetivo.
A suspensão de hostilidades, um aspecto fundamental nesse acordo, abre caminho para um diálogo mais amplo entre as partes envolvidas. A esperança é de que essa trégua se transforme em um Acordo de Paz mais amplo, beneficiando não apenas os diretamente envolvidos, mas também a região como um todo. Achallenge agora é manter o cessar-fogo e avançar nas negociações. A cobertura contínua da Band News TV garante que todos os desenvolvimentos sejam transmitidos com a transparência e a profundidade necessárias, permitindo que o público compreenda plenamente as nuances desse delicado processo de paz.
Cessar-Fogo: Um Ano e Três Meses Depois
A gente relembra que tudo começou no dia 7 de outubro de 2023, quando uma festa estava acontecendo na faixa de Gaza. Um desses jovens foi o Rafael Zimerman, brasileiro, sobrevivente do Hamas. É com ele que a gente fala neste momento. Rafael, seja muito bem-vindo!
Boa tarde, boa tarde a todos. É um prazer estar falando com vocês. É um dia muito tenso e especial ao mesmo tempo. Eu diria que quase um ano e três meses depois daquele 7 de outubro de 2023. É como se eu tivesse revivendo muito do que aconteceu hoje. Então, é importante que vocês me tragam também para falar um pouco do que foi aquele dia e qual é a visão que a gente tem sobre o andamento desse cessar-fogo.
Obrigado pelo convite também, Rafael. Um prazer estar falando contigo. Obrigado por destinar um pouquinho do seu tempo para falar conosco. Eu queria entender primeiro, então, deste dia, você falou um pouquinho rapidamente do seu sentimento de maneira mais geral. Você consegue expressar em palavras de fato o que você tá sentindo por dentro, lembrando daquele momento que você viveu, que por pouco, pouquíssimo, você não foi também um dos sequestrados?
O que traz essa notícia, essas notícias das últimas horas ao seu coração? Ah, é complicado. Eu hoje eu vi uma cena que me chamou muita atenção, que foi as três reféns que estão voltando para casa, numa picape, em volta, vários terroristas, inclusive encapuzados, com a faixa do Hamas, armados, jihadistas, extremistas, levantando a arma e gritando Alá Waka sem parar. Para vocês terem ideia, Alá Waka foi o que eu mais ouvi no dia do atentado.
Eu não sei se vocês lembram, mas eu tava num búnker que foi atacado, durante o atentado, no dia 7 de outubro. Os terroristas entraram em Israel, invadiram Israel, mataram mais de 1200 pessoas, torturaram, abusaram, sequestraram 250 pessoas e levaram para Gaza. Eu poderia ser um deles, assim como você falou, inclusive no búnker que eu fui atacado. Só um dos meninos foi sequestrado, ele. Infelizmente, foi levado.
Eu me fingi de morto durante 5 horas. Tinham 40 pessoas dentro do búnker que eles sobreviveram, somente nove no final. Eu fiquei embaixo de corpos. Eu senti tudo que há de maldade no mundo. Mas eu não imagino que ia passar mais de um ano na mão de terroristas.
O relato das pessoas sequestradas que voltaram são muito pesados, são relatos de abuso psicológico, físico. Então, com toda a sinceridade do mundo, eu não sei se eu preferia estar vivo para passar por isso. Eu não imagino o que é passar por isso. E eu sinto muito pelas pessoas que passaram por isso, estão passando.
Um outro ponto que eu gosto de relembrar é que até o dia 6 de outubro existia uma trégua, existia um cessar-fogo. Só que no dia 7 de outubro, os terroristas entraram em Israel e fizeram o que fizeram com civis, bebês, idosos, pessoas que estavam dormindo em casa, pessoas que estavam numa festa igual eu. É muito complicado. É um misto de sentimentos.
Eu sinto muito por essas pessoas que ainda estão lá e aqueles que estão voltando. Vai ser um trabalho muito grande para recuperar, igual eu estou nesse trabalho, né, esse pós-trauma, essa questão psicológica. Eh, não é fácil, não é fácil. Mas é também um momento de alegria, um momento que o país está comemorando, Israel, porque a gente sabe que essa é a nossa luta desde o dia 7 de outubro, é que os sequestrados voltem para casa.
Muita gente não entende essa guerra, né, mas essa guerra tem um único objetivo para Israel, a devolução dos sequestrados para casa. Enquanto isso não acontecer, a guerra não acaba, infelizmente, infelizmente.
Trégua e Acordo de Paz
Rafael, justamente sobre esse ponto da questão da saúde mental, né, psicológica, que eu queria tocar contigo. Você, além dessa questão do tratamento que você fala que ainda continua nesse pós-trauma, teve algum conhecido seu, algum amigo que infelizmente foi vitimado, alguma pessoa que você conheceu naquele momento dessa festa que foi realmente um marco e foi de atrocidades, foi transmitido em rede social, totalmente desrespeito à condição humana e a vítimas, eh, que estavam ali apenas curtindo um momento, né, jovens como você que infelizmente foram alvo desse grupo terrorista.
Sim, na verdade, um dos brasileiros que veio a falecer é o Hanen Glazer. Inclusive, hoje eu, por acaso, estou em Porto Alegre, que é da onde o Hanen é. É muito complicado, né, porque eu sei que ele foi uma das vítimas, e eu poderia ser uma delas também.
Rafael, você acredita que a trégua e o acordo de paz possam ser uma solução para o conflito no Oriente Médio?
Eu acredito que a trégua e o acordo de paz são fundamentais para resolver o conflito no Oriente Médio. É importante que as partes envolvidas trabalhem juntas para encontrar uma solução pacífica e justa. A trégua é um passo importante para reduzir a violência e criar um ambiente mais seguro para as negociações. Além disso, é fundamental que as partes respeitem os direitos humanos e a dignidade de todos os envolvidos.
Suspensão de Hostilidades
Você acredita que a suspensão de hostilidades pode ser uma solução para o conflito no Oriente Médio?
Eu acredito que a suspensão de hostilidades é um passo importante para reduzir a violência e criar um ambiente mais seguro para as negociações. No entanto, é fundamental que as partes envolvidas trabalhem juntas para encontrar uma solução pacífica e justa. A suspensão de hostilidades não é uma solução definitiva, mas pode ser um passo importante para alcançar a paz.
Rafael, obrigado por compartilhar conosco sua experiência e suas opiniões sobre o conflito no Oriente Médio. É importante que as pessoas entendam a complexidade do conflito e trabalhem juntas para encontrar uma solução pacífica e justa.
Fonte: ©️ Band Jornalismo