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Fala de Trump sobre Brasil e América Latina não serem prioridade dos EUA. Analise do diplomata Rubens Barbosa sobre política externa, recursos minerais, áreas social e ambiental e acordo comercial.
Senhor embaixador, gostaria de iniciar essa conversa abordando a relação comercial com os Estados Unidos. Recentemente, tivemos a oportunidade de ouvir o presidente Trump expressar sua opinião sobre a América Latina, afirmando que a região, incluindo o Brasil, não é prioridade para seu governo, utilizando a frase: Nós não precisamos deles. Diante dessa declaração, eu gostaria de saber sua opinião: Nesse momento, é vantajoso ou prejudicial não ser considerado uma prioridade pelo presidente Trump?
Considerando a importância da América do Sul e, especificamente, o Brasil na economia global, essa declaração pode ter implicações significativas. Embora o Brasil seja um país com uma economia emergente e um mercado consumidor em crescimento, a relação com os Estados Unidos é crucial para o comércio internacional. É importante destacar que a América Latina, como um todo, oferece oportunidades significativas de negócios e investimentos. Além disso, a região tem um papel fundamental na economia global, especialmente no que diz respeito ao comércio de commodities. Nesse contexto, não ser prioridade para o presidente Trump pode ter consequências para a economia brasileira e da região como um todo.
Análise da Política Externa dos Estados Unidos em Relação à América Latina
É fundamental aguardar as medidas que serão adotadas, considerando que, até o momento, as ações foram principalmente voltadas para o público interno. As políticas implementadas na área social, ambiental e de energia são exemplos disso. No entanto, na política externa, a abordagem é mais cautelosa.
O pronunciamento em Davos foi interpretado por alguns como uma mudança de posição, mas é mais provável que seja uma estratégia de cautela, devido à burocracia americana estar preparando medidas específicas. A prioridade dada à China é evidente, com discussões sobre um acordo comercial, sem anúncios de tarifas, ao contrário do que foi mencionado durante a campanha. Em vez disso, gestos positivos em relação à América Latina foram observados.
A prioridade econômica e comercial da América Latina é relativamente baixa. Em uma lista de prioridades da política externa americana, elaborada no início do século, a América do Sul e o Brasil não estavam incluídos. A região não representa um problema de segurança para os Estados Unidos, o que explica essa baixa prioridade.
Os Estados Unidos estão mais focados em regiões como a Groenlândia e o Canadá, devido aos recursos minerais. No entanto, a América Latina é rica em recursos minerais, o que não é suficientemente reconhecido pelos Estados Unidos. Já a China está ativamente explorando essa oportunidade.
É essencial esperar pelas medidas econômicas em relação ao mundo inteiro, incluindo a América Latina, que estão sendo estudadas pelo USTR e pelo Departamento de Comércio. Essas medidas incluirão a aplicação da seção 301 da Lei americana, que será apresentada ao presidente Trump, abrangendo países da Europa e da América Latina.
Fonte: ©️ Band Jornalismo